"... tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações! "

Eça de Queiroz - O primo Basílio

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

TEMPO




Agora é tempo de rever o que ficou para trás, estagnado num momento qualquer.

Tempo de buscar, reencontrar as ilusões perdidas, Iniciar novas procuras.

Tempo de tentar, de elaborar melhor as idéias, de reconhecer erros, de consertá-los ou adaptá-los a uma nova realidade.

Tempo de amar de novo, de paixões sem endereço certo, de doces regressos para antigos afetos.

Tempo para os desafetos, para os afetados pelo tempo.

Tempo para permissão, para as dúvidas, para as desilusões dos encontros esperados, ansiados...
Tempo para os ansiosos e para os relaxados, para os oprimidos, para os fortes, para os fracos.

Tempo para conter o grito, calar os gestos, sublimar os efeitos do progresso.

Tempo para descansar, para parar de pensar no tempo, deixar o tempo passar.