"... tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações! "

Eça de Queiroz - O primo Basílio

terça-feira, 20 de abril de 2010

A CARA DO CARA


A cara do cara
sentado
calado
olhando pro nada
me diz tanta coisa
Se é sobre o tempo
de luta que fala
um som magoado no peito ecoa
Um grito calado
gritado pra dentro
entoa um canto
de encanto pras almas
Algozes chicotes
sangrando a carne
Tá tudo gravado
na cara do cara...