"... tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações! "

Eça de Queiroz - O primo Basílio

quinta-feira, 4 de março de 2010



A menina corria, envolta em pensamentos confusos. Sentia o rosto salgado das lágrimas que o vento secava, à medida que os olhos transbordavam mágoas,
Desilusões, decepções...
Corria ofegante, fugia de qualquer coisa; do passado, do presente... Mas, mesmo fazendo caminhos diversos, mudando o rumo, descomprometida com o caminho de volta, não conseguia fugir do futuro.
Pensava que ele a perseguia... Bobinha...De fato, ela o seguia, e apressada, porque corria.
Corria, ensandecida, ávida por um lugar seguro, onde pudesse esconder-se do tempo,
Presente, passado ou futuro...Buscava um lugar onde as lembranças não costumassem fazer visitas inesperadas e incovenientes.
Ela também corria, porque pensava que na pressa, podia esquecer de si mesma, em algum lugar do caminho.
Julgava que na correria sua alma se perderia e o seu corpo seguiria...sozinho...

Nenhum comentário:

Postar um comentário