Caminhas lentamente e tão distante de tudo.
Não me percebes enfeitiçada pelo teu semblante, o teu jeito esquecido do mundo, de ti próprio...
Proferes doces palavras, soltas, confusas e tão perdidas quanto o teu olhar.
Creio que falas de sonhos vislumbrados...família, lar, doce vida.
Falas de dor, de perda, de desassossego.
Falas de amor...
Como falas de amor... De desamor e de desalmados.
Continuas tua caminhada infinda, com passos compassados.
E sempre, os teus lábios, nesse movimento constante.
Quase não te escuto a voz, suave demais aos meus ouvidos desacostumados ao silêncio...
Dolorosa demais... Percebo a força com que adentra em tua alma, abrindo caminhos na tua carne, findando-se nesse encontro e arrefecendo a vontade que tens de gritar, de explodir, de colidir com o mundo...
"Insano", ouço a voz que te chama, que, estranhamente, sai de ti, de mim, de tudo.
É como te vêem, todos: absorto em teus pensamentos...
Observo-te muda, os olhos marejados, busco uma infinidade de perguntas para as tuas respostas.
Como incomodas, como perturbas a paz dos transeuntes.
Que facilidade teve em tirar-me dos meus próprios questionamentos, impor-me os teus, sem ao menos buscar meu olhar, sem ao menos pedir licença.
"Avante! Adiante! Procuro um amor... Vida que se perdeu de mim, largou-me, tirou-me a paz, levou-me ao chão...”
De que falas? Como ousas incomodar-me tanto?
Muito bom texto, muito bom mesmo.
ResponderExcluirMe chamou bastante atenção este verso:
"Observo-te muda, os olhos marejados, busco uma infinidade de perguntas para as tuas respostas."
Porque amantes, geralmente, são bastante inseguros no que falar aos amados e esse verso foi firme, forte, seguro e decidido a, não só falar, mas questionar o amado com perguntas que quiça nem respostas tenham.
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Obrigada pela visita e pro estar seguindo meu blog. :) Eduardo Japiassú é uma pessoa que admiro bastante, não só pelo seu trabalho, mas também pela pessoa simples e simpatica que é. Mais uma vez, obrigada pela visita e também pelos elogios ao meu blog.
Grande abraço!